Tradutor

domingo, 27 de fevereiro de 2011

A sutileza dilmista

Assim como eu gostaria de ler artigo do veterano Mino Carta sobre a ida da presidenta Dilma Rousseff à festa dos 90 anos da Folha de S. Paulo, e saber de seu ponto de vista sobre a controversa participação e sobre as linhas do discurso onde Dilma enaltece o jornal e seu fundador, fiquei feliz em encontrar um texto do veteraníssimo Alberto Dines no Observatório da Imprensa.

Dines não se estende muito, mas viu pontos positivos na presença, atitudes e palavras da presidenta. E detectou alguns traços de uma provável "Doutrina Dilma para a Mídia".

Fiquemos atentos, então, às considerações do respeitadíssimo jornalista e "observador".




O recado da presidente

Alberto Dines


Comentário para o programa radiofônico do OI, 25/2/2011
A participação da presidente Dilma Rousseff nas comemorações dos 90 anos da Folha de S. Paulo ofereceu mais alguns elementos para compor uma "Doutrina Dilma para a Mídia".

A presidente concordou em escrever um texto sobre a efeméride no jornal, mas não mencionou o nome da Folha. Compareceu e discursou no evento na Sala São Paulo (segunda, 21/2) porque ali estavam representados todos os poderes, mas na sua oração embutem-se alguns reparos que não podem ser ignorados. O mais importante deles é a sua saudação a uma imprensa livre e plural.


Novas posições


 O adjetivo plural merece uma análise mais atenta porque raramente é utilizado nas proclamações a favor da imprensa. Ao contrário: sua utilização é mais frequente nos círculos e textos que criticam a concentração e a falta de diversidade da nossa mídia.

A sutil lembrança de que o primeiro periódico brasileiro foi impresso no exterior para escapar do controle da censura inquisitorial também não pode passar despercebida porque, em 2008, tanto a Folha como a maioria dos grandes veículos brasileiros ignoraram ostensiva e coletivamente os 200 anos da entrada do Brasil na Era Gutenberg.

De forma discreta, em clave baixa, a presidente Dilma Rousseff marca novas posições e demarca-se de outras sugerindo indiretamente à imprensa um comportamento menos badalativo e mais perspicaz, menos ruidoso e mais profundo.




2 comentários:

  1. Querida Sônia, venho acompanhando seus lúcidos comentários sobre a ida da presidenta Dilma na festa de 90 anos da Folha. Confesso a vc que tbm fiquei chateado no início, mas lendo, relendo, lendo de novo, relendo de novo (rs) os textos pró e contra, acredito que não é hora de um desnecessário "fogo amigo".

    Curioso, Sônia, é que os textos mais ácidos contra Dilma foram justamente daqueles "blogueiros progressistas" que entrevistaram o presidente Lula e criticaram os outros blogueiros reles, como vc costuma escrever/falar, que questionavam a "exclusividade" na escolha apenas deles.

    Forte abraço! Adelante!

    ResponderExcluir
  2. Bom dia, Júnior. Eu diria que fiquei "indignada", e não "chateada"... Mas fiz a ressalva de que não sou política. Ou seja: digo o que penso. O que na política nem sempre é aconselhável. Aqui no blog eu procuro fazer "leitura crítica dos fatos". Não se trata de "fogo amigo". A campanha já passou, eu não sou militante ad infinitum, não tenho vínculo com qualquer partido. Nem pretendo ter. E estou aqui para analisar, comentar, dar opinião. Doa a quem doer. O "estremecimento" que senti foi na verdade uma grande bobagem. Delegamos poder à presidenta e temos que confiar nela. Mas... confiança crítica. Porque ela é humana e pode errar. E nenhum de nós faz o que quer na vida, muitas vezes... Nem presidentes nem presidentas. Fazem o que acham "conveniente"... Quanto aos nossos coleguinhas "sujos" (de "progressistas têm muito pouco), imagino que pretendiam controlar também a presidenta da República, assim como tentam controlar a todos nós, reles e quase desconhecidos blogueiros. Quem teve a desfaçatez de se apropriar da blogosfera, encarando-a como "feudo", como "latifúndio", e tratando todos nós como "massa de manobra", vassalos... poderia reagir de outro jeito? Até a internet, o ciberespaço, eles querem lotear... Imaginaram que colocariam um cabresto na presidenta! E os mais paranoicos, os que padecem de mais graves "delírios de grandeza", tentam ditar políticas de comunicação, pautar e comandar ministro... Tem doido pra tudo neste mundo! E interesses escusos. Muitos. Fiquemos atentos! Abraços e ótima semana!

    ResponderExcluir