Um país de caipiras
Prof. José Breves Filho
Prof. José Breves Filho
Lembro-me de uma vez em que o ex-presidente FHC disse, em visita a Portugal, que nosso Brasil é um país de caipiras. Lembro também que a imprensa caiu matando suas palavras e houve um movimento de reação, por parte de alguns sociólogos, filósofos e pensadores brasileiros. Na verdade, ele foi mal interpretado e tiraram dele a única oportunidade de proferir algo que, realmente, faz sentido, já que nosso EX se notabilizou por escrever suas teses e agir de forma, exatamente, contrária a seus escritos.
Recordei, então, um fato histórico da época em que o Brasil era colônia de Portugal e, depois, Império (alguns estudiosos da história do Brasil asseveram que só mudamos de colonizadores). Como era chique estudar fora do país e, ainda, não havia aqui boas universidades, os fazendeiros endinheirados mandavam seus filhos para a Europa, porém, antes, reuniam a criadagem e diziam: "Meu filho vai estudar na Europa, quando voltar, quero que todos o chamem de doutor".
Neste momento em que estou escrevendo, veio à minha mente uma palestra proferida pela pesquisadora Emilia Ferrero, em Belo Horizonte-MG (ano de 1989), na qual ela começou fazendo o seguinte comentário, num tom irônico: "Não sei como o Brasil, um país cheio de doutores, pode estar atolado na miséria, na corrupção, e continua com grandes desigualdades sociais e econômicas". (Não sei por que... mas tive vontade de lembrar que ela é argentina e viveu muitos anos no México.) Em seguida, a discípula de Piaget, criador da teoria construtivista, afirmou que, nos países mais desenvolvidos, um médico, engenheiro, dentista e advogado não são chamados de doutor, porque doutor é um título e não um pronome de tratamento.
Ao refletir sobre essa insólita situação, pensei que, para um bom juiz de Direito (essa ressalva nem precisaria, uma vez que o outro não é juiz e sim árbitro de futebol), seria interessante julgar um desses profissionais por falsidade ideológica, isto é, por usar um título que não possui.
Mas e os doutores, como estão? As universidades estão lotadas de doutores, alguns destemperados ou cheios de esquisitice. Há, também, aqueles que estão nos divãs, ou tomam remédio controlado, pois não conseguiram resolver uma questão, aparentemente, simples: Como utilizar o conhecimento acadêmico para crescer como ser humano, ou melhor, crescer como gente.
Existem, também, os vaidosos que, no auge da “envelhescência”, colocam brinco na orelha, roupas extravagantes, para travestir o visual, na medida em que, conscientes de que fracassaram, não sabem o que fazer com o conhecimento adquirido.
Por favor, caro(a) leitor(a) deste artigo, vá a uma universidade qualquer, desta linda capital, assistir a uma aula, ministrada por um doutor. Você poderá ter uma surpresa, quer dizer, diante de uma sumidade, perceber que o doutor sumiu em sala de aula. Em outras palavras, não se organiza em seu trabalho acadêmico e não consegue dar sentido a seu labor. Enfim, do doutor, você poderá ver, apenas, uma vaidade digna dos boçais, ou seja, de gente tola e vazia de conteúdo. Dessa forma, poderá concluir que a sabedoria está bem distante do conhecimento, como diz Rubem Alves.
Recordei, então, um fato histórico da época em que o Brasil era colônia de Portugal e, depois, Império (alguns estudiosos da história do Brasil asseveram que só mudamos de colonizadores). Como era chique estudar fora do país e, ainda, não havia aqui boas universidades, os fazendeiros endinheirados mandavam seus filhos para a Europa, porém, antes, reuniam a criadagem e diziam: "Meu filho vai estudar na Europa, quando voltar, quero que todos o chamem de doutor".
Neste momento em que estou escrevendo, veio à minha mente uma palestra proferida pela pesquisadora Emilia Ferrero, em Belo Horizonte-MG (ano de 1989), na qual ela começou fazendo o seguinte comentário, num tom irônico: "Não sei como o Brasil, um país cheio de doutores, pode estar atolado na miséria, na corrupção, e continua com grandes desigualdades sociais e econômicas". (Não sei por que... mas tive vontade de lembrar que ela é argentina e viveu muitos anos no México.) Em seguida, a discípula de Piaget, criador da teoria construtivista, afirmou que, nos países mais desenvolvidos, um médico, engenheiro, dentista e advogado não são chamados de doutor, porque doutor é um título e não um pronome de tratamento.
Ao refletir sobre essa insólita situação, pensei que, para um bom juiz de Direito (essa ressalva nem precisaria, uma vez que o outro não é juiz e sim árbitro de futebol), seria interessante julgar um desses profissionais por falsidade ideológica, isto é, por usar um título que não possui.
Mas e os doutores, como estão? As universidades estão lotadas de doutores, alguns destemperados ou cheios de esquisitice. Há, também, aqueles que estão nos divãs, ou tomam remédio controlado, pois não conseguiram resolver uma questão, aparentemente, simples: Como utilizar o conhecimento acadêmico para crescer como ser humano, ou melhor, crescer como gente.
Existem, também, os vaidosos que, no auge da “envelhescência”, colocam brinco na orelha, roupas extravagantes, para travestir o visual, na medida em que, conscientes de que fracassaram, não sabem o que fazer com o conhecimento adquirido.
Por favor, caro(a) leitor(a) deste artigo, vá a uma universidade qualquer, desta linda capital, assistir a uma aula, ministrada por um doutor. Você poderá ter uma surpresa, quer dizer, diante de uma sumidade, perceber que o doutor sumiu em sala de aula. Em outras palavras, não se organiza em seu trabalho acadêmico e não consegue dar sentido a seu labor. Enfim, do doutor, você poderá ver, apenas, uma vaidade digna dos boçais, ou seja, de gente tola e vazia de conteúdo. Dessa forma, poderá concluir que a sabedoria está bem distante do conhecimento, como diz Rubem Alves.
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