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sábado, 24 de setembro de 2011

Cipriano Barata: jornalista, ativista, revolucionário



Cipriano Barata. Quem é mesmo esse baiano?


Apollo Natali*


O maior jornalista que o Brasil já teve; - 
Primeiro abolicionista, há 200 anos; - Herói do povo brasileiro; - Campeão da Liberdade; - Líder guerrilheiro contra a tirania; - Médico, deputado, senador; - E muito mais.


Marco Morel precisou de 20 anos de pesquisa e um livro de 400 páginas para montar, em linguagem de historiador, seu ensaio biográfico de caráter histórico sobre Cipriano José Barata de Almeida. (“Cipriano Barata na Sentinela da Liberdade” – Ed. Assembléia Legislativa da Bahia – Academia de Letras da Bahia).


Sirvo-me de minha linguagem de botequim para enfiar em poucas linhas todos esses 20 anos de estudos de Morel sobre a vida do baiano da Freguesia de São Pedro Velho, Salvador (1762/1838).


Uma das primeiras lideranças políticas de amplitude nacional que se forjou no imediato período pré e pós-independência, Cipriano foi, na Colônia, no Império e na Regência, temido, prestigiado e perseguido líder, incansável e intransigente combatente da opressão lusitana. Incendiou a Bahia com a guerra de guerrilha para expulsar os portugueses da Província, então dominada pelas forças do brutal general Madeira.


No Brasil, quem queria evitar ser molestado, usava um distintivo com o desenho de uma barata. Os ricos, distintivo de ouro. Os medianos, de prata. Os pobres, de bronze. Para intimidar os inimigos, muitos escreviam nas portas de suas casas: Barata.


Médico cirurgião e jornalista.


Deputado pelo Brasil nas Cortes, em Lisboa, sustentou com valentia verbal e física a causa da Liberdade: chegou a se atracar e derrubar com surpreendente agilidade um marechal português no plenário durante defesa que fazia dos interesses brasileiros e do direito de cidadania aos escravos. O marechal rolou pelas escadas. Depois da briga, teve de fugir clandestinamente para a Inglaterra. Lá, seus feitos eram publicados no Correio Braziliense pelo colega jornalista Hipólito da Costa.


Também deputado por Bahia, Paraíba, Pernambuco e senador por Minas Gerais.


Poeta, letrista, músico, compôs, como ele mesmo disse, “uma chula para se dançar ao toque de viola”, uma mistura de canto e música, comemorando a derrota da dominação portuguesa na Bahia. Este tema prevaleceu no cancioneiro da época. Um dos versinhos, dirigidos aos portugueses: Larga esses bigodes, larga patifão, fora ingrato, a terra não é tua não”. Mas ele gostava dos muitos e muitos “bons portugueses” que havia na época, “bons brasileiros”, segundo ele.


Foi ativista e participante de históricas revoltas regionais que se espalharam pelo Brasil contra a tirania portuguesa, não só durante a Colônia, mas também no Império e Regência.


Sempre acusado de pregar a República. E pregava mesmo. Há 200 anos defendia eleições diretas para os presidentes das províncias.


A abolição dos escravos, que aconteceu em 1888, ele a queria para 1860.


Um dos fundadores do jornalismo político no Brasil.


Foi o preso político brasileiro que passou mais tempo - 11 anos - em masmorras do seu pior inimigo, D. Pedro I, a quem chamava, depois de sua abdicação, de “ex-tirano”.


Num tempo em que era crime não se ajoelhar e beijar as mãos do imperador, Cipriano virou-lhe as costas durante sua visita à masmorra. D. Pedro I sacou-lhe uma prisão perpétua por isso. O baiano defendia o fim da tortura, praticada “por bagatela”, pelos dominadores, e exigia a abolição de seus instrumentos.


Cipriano conheceu as masmorras coloniais, imperiais e as regenciais, rigorosamente as mesmas. Chegado o primeiro reinado ele narra a cruel repressão no governo de Dom João VI, como reforço do monarca para a manutenção do absolutismo:


“O Reinado do Senhor Dom João VI é abominado no Brasil. Os Povos ainda se lembram que ele em poucos anos lhes impôs mais de dezoito tributos arbitrários; que oprimia a todos com vexames, roubos e insultos de seus validos. Os Povos ainda têm as cicatrizes das algemas, grilhões e correntes muito frescas e as lágrimas mal enxutas pelas crueldades horrorosas ilegal e barbaramente cometidas na Bahia; e carnificinas inauditas em Pernambuco, com mortes, esquartejamento, arrancamento de cadávres das sepulturas, profanações do Sacerdócio, roubos, estupros. Adultérios, sacrilégios, violências, insultos, injúrias e tormentos: surras mortais e palmatórias na gente forra, pretos, pardos e brancos, até nas mulheres e meninos a ponto de lhes saltarem as unhas e de ficarem aleijados; bofetadas, chicotadas, pontapés. Os Povos ainda se recordam do ataque atraiçoado feito à Praça do Comércio do Rio de Janeiro, para sepultar nas ruínas os eleitores e o povo, cujas ordens foram dadas por S.M. D. João VI, do que se seguiu morrerem 21 pessoas (alguns querem que foram 43) em uma palavra, os Povos têm em vista o horrendo quadro da Monarquia Absoluta passada, abominam a memória desse Reinado e por isto não querem união com Portugal e nem tão pouco que o novo Império se assemelhe ao Reino do Senhor Dom João VI”.


O combatente da liberdade Cipriano comentou a afirmação do padre Diogo Feijó (Regente de um governo forte e centralizador) de que “o brasileiro não foi feito para a desordem, que o seu natural é o da tranquilidade”. Cipriano perguntou “que coisa seja Docilidade Brasileira” de que falou também o historiador Sérgio Buarque de Holanda em “Raízes do Brasil” e respondeu: “Docilidade é a boa disposição do homem para se deixar instruir. Gênio ou natureza dócil é aquele que abraça as doutrinas e ensino que se lhe dá. Porém esse termo docilidade aplicado hoje aos Brasileiros tem outro sentido; dócil quer dizer estólido, ou tolo; homem que se contenta com tudo, que deixa ir as coisas por água abaixo, em uma palavra, dócil deixa dizer Brasileiro ovelha mansa, que trabalha como burro para pagar tributos desnecessários em benefício dos Satélites do Governo”.


Historiador não cria heróis. Mas Marco Morel se rende: “a busca da vida de Cipriano Barata foi um aprendizado e assumo: ele era um dos meus heróis”.


Em meio aos ferros de tortura e insetos peçonhentos, nas várias masmorras inundadas, fétidas, sem ar e calor abrasador onde era aprisionado, Cipriano editava seus jornais – e distribuía – para todo o Brasil. Dizem que com a ajuda da maçonaria e outras sociedades secretas que almejavam a independência. Ao título “Sentinela da Liberdade”, seguia-se o nome do Forte ou masmorra onde estava preso, e o brado “Alerta!”.


Por exemplo: no dia 9 de abril de 1823, uma quarta-feira – era um tempo em que ele gozava de 6 meses de uma liberdade passageira em sua trajetória de preso político - a cidade de Recife, onde Cipriano se refugiou para fugir às perseguições em Salvador, viu nascer o número 1: Sentinela da Liberdade na Guarita de Pernambuco, Alerta!


O último Sentinela, do total de 66 exemplares que editou, saiu em setembro de 1835, em Recife. Foram doze anos do denominado jornalismo do cárcere, como é conhecida sua atuação como jornalista. O médico Bezerra de Menezes, tema de filme espírita em 2008, dirigiu um Sentinela da Liberdade, no Rio de Janeiro.


Além do seu estilo doutrinário, panfletário, o jornal de Cipriano Barata era também noticioso e satírico, em linguagem simples, direta, acessível. Trazia notícias internacionais da França, Inglaterra, Espanha, Portugal, a Santa Aliança (união de reinados na Europa para manter o absolutismo), Américas, com destaque para México, Argentina, Peru e Paraguai, além de notícias nacionais, das províncias e locais, na Bahia e Pernambuco, com referências a roubos, carestia, hospitais sem aparelhagem. Um amplo painel do cotidiano, portanto. Quem não gostaria de saber como chegavam à sua “redação”, nas masmorras em que o encarceravam, todas essas informações, principalmente as internacionais, numa época de tão precárias comunicações?


“A imprensa é a deusa tutelar da espécie humana”, exaltava-se Cipriano.


No primeiro número, a dedicatória é à Bahia. No editorial, dizia a que veio o jornal: “clarear idéias, dar luzes aos leitores, combater erros, lembrar o bem público, repreender os abusos do poder e de seus empregados e atirar flechas ervadas contra os servis aristocratas. Nunca perdoar o despotismo e a tirania. Não receberei anúncios sobre vendas de escravos porque minha gazeta não é leilão nem capitão do mato”.


Dava voz aos leitores: mantinha uma seção de Carta de Leitor.


Quem, além de Cypriano Jozé Barata de Almeida, era com “z” que se escrevia, pode ser considerado o maior jornalista brasileiro de todos os tempos?


Proclamava-se escritor liberal “que açoita a tirania e defende a pátria”.


Considerava-se idólatra da liberdade. “Ainda mesmo de pulsos arrochados, desafio desgraças sanguinosas – dizia em um de seus versos – mordo os ferros, altivo ranjo os dentes, desafio o tirano mais potente”. Cipriano, herói que não espera que lhe concedam a liberdade, arrebata-a.


Segundo Marco Morel, várias redes de comunicação, dentro das tais condições precárias da época, espalharam-se pelo país recém-independente e uma delas era justamente a dos Liberais Exaltados, como Cipriano. Do outro lado estavam os Moderados, na verdade absolutistas, áulicos do poder. O toque curioso, de acordo com o historiador Marco Morel, fica por conta de um grupo de exilados que, em 1825, publicou na Inglaterra o “Sentinela da Liberdade do Brasil na Guarita de Londres, Alerta!” como suplemento do Sunday Time.


O jornalismo de Cipriano era dirigido para sua intransigente luta contra o domínio português, pela liberdade, em favor da sua gente do Brasil – pobres, oprimidos, negros, índios, mulatos, mestiços, mamelucos. Cipriano era o tipo do ser cheio de energia que não se dobra a nenhuma espécie de cativeiro ou exercício de domínio sobre as pessoas. “Somos todos brasileiros e formamos um só corpo e povo de irmãos livres” – bradava ele. O historiador Pedro Calmon o vê como um dos grandes seres que passara pela Terra.


José Bonifácio de Andrada e Silva, oficialmente o Patriarca da Independência, migrou de suas idéias iniciais de defesa e liberdade para o Brasil e passou para o outro lado, o do absolutismo português em nossa terra. Abrigou-se na comodidade, segurança e benesses da Corte, esqueceu as correntes que o haviam prendido junto com Cipriano quando D. Pedro I dissolveu a Assembléia Constituinte, perseguiu e até dizimou fisicamente os que antes defendia. Perseguiu e mandou prender ou matar Cipriano, tanto faz. Desapareceu da cena política pós-independência.


O Rio de Janeiro de José Bonifácio, ministro da economia de D. Pedro I, segundo Cipriano: “O Rio de Janeiro apresentava o aspecto medonho de Roma, ao tempo de Mário e Scila, debaixo da vingança e fúria do nosso ditador José Bonifácio”.


Cipriano saiu provisoriamente da prisão em 25 de setembro de 1830, depois de 7 anos de masmorras e uma longa queda-de-braço entre a centralização do Poder Executivo Imperial e o Legislativo e Judiciário. A Justiça mandava soltar e a Corte não obedecia. Depois dessa soltura provisória, voltaria a habitar as masmorras por mais 4 anos.


Se ainda há no Brasil algum campo para as grandes batalhas de espírito e inteligência, talvez um filme ou uma minisérie para TV será feita sobre a vida de Cipriano Barata. O politizado Valter Avancini faria pelo menos uma brilhante minisérie. O final de uma novela dessas não pode ser outro senão a cena grandiosa de sua recepção pela multidão na Praça XV, no Rio de Janeiro, quando ganhou a liberdade.


Os deputados Antonio Pereira Rebouças e Muniz Barreto haviam feito pronunciamentos na Câmara em defesa da libertação de Cipriano, num dos muitos episódios de longos anos da luta por sua soltura. Dois dias depois, em 25 de setembro de 1830, uma aglomeração concentrava-se no Cais Pharoux (atual Praça XV), à espera de Cipriano, que viria de barco da Fortaleza de Santa Cruz, situada na Baía de Guanabara.


Imaginemos o delírio da cena final na telinha colorida da TV, ou no cinema, descrita com detalhes pelo jornal “Nova Luz Brazileira”: Era um “numeroso concurso de cidadãos que o esperavam em diversos pontos da praia para saudarem o Decano dos Patriotas Brasileiros. Na véspera, já confirmada a libertação de Barata, em muitos pontos da cidade acenderam-se luminárias e na sessão noturna no Teatro São Pedro houve manifestações e vivas ao panfletário baiano”.


“Súbito, um susto, apreensão. A Fortaleza de Santa Cruz, em pleno dia, acendeu suas luzes e fez disparos de canhão. Algum atentado? Ao contrário: era uma homenagem da guarnição ao panfletário baiano, que ali onde estivera preso acabara por fazer amigos e admiradores. Cipriano, envelhecido e alquebrado, os longos cabelos brancos caindo aos ombros, embarca no escaler rumo à praia, o rosto sulcado de rugas”. Tinha 68 anos.


“Novo imprevisto. Violenta ventania sudoeste faz o céu cinzento, as ondas se encrespam, a embarcação sacoleja. Na terra a multidão alvoroçada procurava abrigo do vento. Mas assim como veio, rápida, a tormenta passou – como se fosse apenas mais uma homenagem ao calejado revolucionário. No cais, chapéus e vivas para o ‘Campeão da Liberdade’ que parecia ressuscitar do cárcere. Cipriano encabeçou cortejo pelas principais ruas do Rio de Janeiro, em clima de festa”.


Houve festas em todo o Brasil pela libertação de Cipriano.


Ficou 6 meses livre. Logo meteram-lhe mais quatro anos de masmorras, na Regência. Antes disso, D. Pedro I já o havia encarcerado por 7 anos e condenado à prisão perpétua.


Morreu no dia 1º de junho de 1838, em tempo de cantorias e danças juninas nas ruas da então pequena Natal. Foi sepultado na pequena capela do Senhor Bom Jesus, na capital do Rio Grande do Norte, onde viveu seus últimos dias. Lá, idoso, fundou escolas, foi professor, clinicou. Foi enterrado “com casaca”, segundo a certidão de óbito. De acordo com Marco Morel, seria provavelmente a casaca de algodão da terra, azul, a vestimenta utópica que usava com chapéu de palha, inclusive quando deputado em Lisboa, para espalhar e consolidar suas idéias de pátria brasileira e que o acompanhou para debaixo da terra. Essa seria a origem do nome “farrapos”, segundo o desembargador Paulo Garcia, que também escreveu livro apaixonado sobre Cipriano (A Liberdade Acima de Tudo – Topbooks).


Segundo Paulo Garcia, Cipriano era um liberal autêntico e defendeu intransigentemente os interesses brasileiros contra os dos portugueses. Considerava-se brasileiro, sem qualquer submissão a Portugal. Defendeu a liberdade do homem em toda a sua extensão. De acordo com o historiador Nelson Werneck Sodré, prefaciador de “A Liberdade Acima de Tudo”, poucos fizeram tanto pela nossa Independência quanto esse baiano que, ainda no Brasil Colônia, já conheceria as amarguras do cárcere por sonhar com nossa liberdade política. “Temido pelos déspotas, áulicos e ditadores, fez tremer os inimigos da liberdade e da democracia”, diz o historiador.


Sentinela da Liberdade, segundo Werneck Sodré, foi “uma epopéia da imprensa brasileira…um dos momentos supremos da vida da imprensa brasileira, um dos marcos na luta pela nossa liberdade”.


Hoje já desapareceram os vestígios do túmulo e da capela do Senhor Bom Jesus, onde Cipriano foi sepultado.


Em memória de Cipriano, o Brasil atira apenas a esmola de uma rua com o nome Cipriano Barata no bairro do Ipiranga, em São Paulo, uma em Salvador e outra em Natal. A História oficial o esqueceu. Os destinos dos homens de bem são constrangedores.


Esta minha linguagem, por ser de botequim, de um fôlego só, de paixão, sem profundidade por falta de espaço nem prudência, contraria o jeito de os vencedores escreverem a História oficial, que escondem Cipriano José Barata de Almeida. Alguns o chamam hoje apenas de “agitador político”, como fez Laurentino Gomes. Há que haver audácia para se trazer à tona, para sempre, a memória do baiano Cypriano, campeão da liberdade.


Tanto Cipriano como D. Pedro I morreram em 1838, um aqui, outro na Europa. Se D. Pedro I tivesse alguma coisa ainda a dizer, diria: dominei-o com anos de masmorras e uma prisão perpétua. Se Cipriano tivesse ainda alguma coisa a dizer, diria: e eu o derrubei do trono (quando Cipriano foi para a Bahia após sua libertação, era o emissário da conjura pela abdicação).


Cipriano José Barata de Almeida é tetravô do comediante Agildo Ribeiro.


Em tempo: Sugeri ao cineasta Sérgio Rezende (“Zuzu Angel” e outros 10 filmes) ler “Cipriano Barata na Sentinela da Liberdade”, do historiador Marco Morel, e estudar a possibilidade de transformar essa história em filme.


- Caro Rezende, você faria um épico nacional, sobre o que considero o maior jornalista que o Brasil já teve? Seria uma história marcante, com barco a vela e até algumas masmorras, aqui e ali, onde D. Pedro I manteve Cypriano a ferros por 7 anos. Mostraria os retumbantes embates pela liberdade do Brasil travados por Cypriano no parlamento de Lisboa, choques tão aguerridos que o jornalista teve de fugir para a Inglaterra. Você faria um filme desses?


- Claro que faria. Faria, sim. (Notei alguma emoção nele).


. Estiquei o braço e passei-lhe o meu, o teu, “Sentinela da Liberdade”.


Dei ciência a Marco Morel, que me respondeu sensibilizado (“Um filme assim sobre Cipriano Barata seria uma bela inspiração para a construção de um Brasil melhor!”).


*Apollo Natali é jornalista, formado aos 71 anos, depois de 4 décadas atuando na imprensa. É colaborador do “Quem tem medo da democracia?”, onde mantém a coluna “Desabafos de um ancião”.


Quem Tem Medo da Democracia?



*

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Declaração de Independência da Palestina

Carta do Presidente da Venezuela, Hugo Chávez, ao Secretário Geral das Nações Unidas




Miraflores, 17 de septiembre de 2011

Sua Excelência

Ban Ki-Moon

Secretário Geral

Organização das Nações Unidas

Senhor Secretário Geral:

Distintos representantes dos povos do mundo:

Dirijo estas palavras à Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas, a este grande fórum onde estão representados todos os povos da terra, para ratificar, neste dia e neste cenário, o total apoio da Venezuela ao reconhecimento do Estado Palestino: ao direito da Palestina de converter-se em um país livre, soberano e independente. Trata-se de um ato de justiça histórico com um povo que leva em si, desde sempre, toda a dor e o sofrimento do mundo.

O grande filósofo francês Gilles Deleuze, em seu memorável escrito: A grandeza de Arafat, diz com acento da verdade: A causa palestina é antes de tudo o conjunto de injustiças que este povo tem padecido e continua padecendo. E também é, me atrevo a agregar, uma permanente e inquebrantável vontade de resistência que já está inscrita na memória heróica da condição humana. Vontade de resistência que nasce do mais profundo amor pela terra. Mahmud Daewish, voz infinita da Palestina possível, nos fala a partir do sentimento e da consciência deste amor: “Não necessitamos a recordação/porque em nós está o Monte Carmelo/ e em nossas pálpebras está a erva da Galiléia. Não digas: se corrêssemos até meu país como o rio!/Não o digas!/Porque estamos na carne de nosso país/ e ele está em nós”.

Contra quem sustenta falazmente que o ocorrido ao povo palestino não é um genocídio, o mesmo Deleuze sustenta com implacável lucidez: “Em todos os casos se trata de fazer como se o povo palestino não somente não pudesse existir, senão que jamais tenha existido. É como dizer, o grau zero de genocídio: decretar que um povo não existe, negar-lhe o direito à existência”.


A propósito, quanta razão tem o grande escritor espanhol Juan Goytisolo quando afirma contundentemente: “A promessa bíblica da terra da Judéia e Samaria às tribos de Israel não é um contrato de propriedade avaliado diante de um cartório que autoriza a expropriar de seu solo aqueles que nasceram e vivem nele. Por isso mesmo, a resolução do conflito do Oriente Médio passa, necessariamente, por fazer justiça ao povo palestino, este é o único caminho para conquistar a paz”.

Dói e indigna que aqueles que padeceram um dos piores genocídios da história se tenham convertido em verdugos do povo palestino: dói e indigna que a herança do Holocausto seja a Nakba. E indigna, a secas, que o sionismo siga fazendo uso da chantagem do anti-semitismo contra aqueles que se opõem a seus atropelos e a seus crimes. Israel tem instrumentalizado e instrumentaliza, descaradamente e com vileza, a memória das vítimas. E o faz para atuar, com total impunidade, contra a Palestina. Ademais, não é ocioso precisar que o anti-semitismo é uma miséria ocidental, européia, da qual participam os árabes. Não esqueçamos, ademais, que é o povo semita palestino aquele que padece a limpeza étnica praticada pelo estado colonialista israelense.

Quero que se me entenda: uma coisa é rechaçar o anti-semitismo, e outra muito diferente aceitar passivamente que a barbárie sionista lhe imponha um regime de apartheid ao povo palestino. Desde um ponto de vista ético, quem rechaça o primeiro tem que condenar ao segundo.

Uma digressão necessária: é francamente abusivo confundir sionismo com judaísmo; não poucas vozes intelectuais judaicas, como as de Albert Einstein e Erich Fromm, se encarregaram de nos recordar através do tempo. E, hoje por hoje, é cada vez mais numerosa a cidadania consciente que, no próprio Israel, se opõem abertamente ao sionismo e suas práticas terroristas e criminosas.

Há que dizê-lo com todas suas letras: o sionismo, como visão do mundo, é absolutamente racista. Estas palavras de Golda Meir, em seu aterrador cinismo, são prova incontestável: “Como vamos devolver os territórios ocupados? Não há ninguém a quem devolvê-los. Não há tal coisa chamada palestinos. Não é como se pensa que existia um povo chamado palestino, que se considera ele mesmo como palestino e que nós chegamos, os expulsamos e nos apropriamos de seu país. Eles não existiam”.

Necessário é fazer memória: desde o final do século XIX, o sionismo planejou o regresso do povo judeu à Palestina e a criação de um Estado nacional próprio. Este planejamento era funcional ao colonialismo francês e britânico, como o seria depois ao imperialismo yanqui. O ocidente alentou e apoiou, desde sempre, a ocupação sionista da Palestina pela via militar.

Leia-se e releia-se esse documento que se conhece historicamente como Declaração de Balfour do ano de 1917: o Governo britânico se arrogava a jurisdição de prometer aos judeus um lugar nacional na Palestina, desconhecendo deliberadamente a presença e a vontade de seus habitantes. Há de assinalar que na Terra Santa conviveram em paz, durante séculos, cristãos e muçulmanos, até que o sionismo começou a reivindicá-la como de sua inteira e exclusiva propriedade.

Recordemos que, desde a segunda década do século XX, o sionismo, aproveitando a ocupação colonial britânica da Palestina, começou a desenvolver seu projeto expansionista. Ao concluir a Segunda Guerra Mundial, se exacerbaria a tragédia do povo palestino, consumando-se a expulsão de seu território e, ao mesmo tempo, da história. Em 1947 a detestável e ilegal resolução 181 das Nações Unidas recomenda a divisão da Palestina em um Estado judeu, um Estado árabe e uma zona sob controle internacional (Jerusalém e Belém). Concedeu-se, observe-se que descaramento, 56% do território ao sionismo para a constituição de seu Estado. De fato, esta resolução violava o direito internacional e desconhecia flagrantemente a vontade das grandes maiorias árabes: o direito de autodeterminação dos povos se convertia em letra morta.

Desde 1948 até hoje o Estado sionista tem prosseguido com sua criminosa estratégia contra o povo palestino. Para isso tem contado sempre com um aliado incondicional: os Estados Unidos da América do Norte. E esta incondicionalidade se demonstra através de um fato bem concreto: é Israel quem orienta e fixa a política internacional estadunidense para o Oriente Médio. Com toda razão Edward Said, essa grande consciência palestina e universal, sustenta que qualquer acordo de paz que se construa sobre a aliança com os EUA será uma aliança que confirma o poder do sionismo, mais que confrontá-lo.

Agora bem: contra o que Israel e os Estados Unidos pretendem fazer crer ao mundo, através das transnacionais da comunicação, o que aconteceu e segue acontecendo na Palestina, digamo-lo com Said, não é um conflito religioso: é um conflito político, de cunho colonial e imperialista; não é um conflito milenar senão contemporâneo; não é um conflito que nasceu no Oriente Médio, senão na Europa.

Qual era e qual segue sendo o miolo do conflito? Privilegia-se a discussão e consideração da segurança de Israel, e para nada a segurança da Palestina. Assim pode corroborar-se na história recente: basta recordar o novo episódio genocida desencadeado por Israel através da operação “Chumbo Fundido” em Gaza.



A segurança da Palestina não pode se reduzir ao simples reconhecimento de um limitado autogoverno e autocontrole policialesco em seus “encraves” da ribeira ocidental do Jordão e na Faixa de Gaza, deixando por fora não só a criação do Estado Palestino, sobre as fronteiras anteriores a 1967 e com Jerusalém oriental como sua capital, os direitos de suas nações e sua autodeterminação como povo, senão, também, a compensação e consequente retorno à Pátria de 50% de sua população palestina que se encontra dispersa pelo mundo inteiro, tal e como o estabelece a resolução 194.

É incrível que um país (Israel) que deve sua existência a uma resolução da Assembleia Geral possa ser tão desdenhoso das resoluções que emanam das Nações Unidas, denunciava o padre Miguel D`Escoto quando pedia o fim do massacre contra o povo de Gaza, aos finais de 2008 e princípios de 2009.

Senhor Secretário Geral e distintos representantes dos povos do mundo:

É impossível ignorar a crise das Nações Unidas. Diante desta mesma Assembleia Geral sustentamos, no ano de 2005, que o modelo das Nações Unidas se havia esgotado. O fato de que se tenha postergado o debate sobre a questão palestina, e que se esteja sabotando abertamente, é uma nova confirmação disso.

Há vários dias, Washington vem manifestando que vetará no Conselho de Segurança o que será a resolução majoritária da Assembleia Geral: o reconhecimento da Palestina como membro pleno da ONU. Junto às Nações irmãs que formam a Aliança Bolivariana para os Povos de Nossa América (ALBA), na Declaração de reconhecimento do Estado Palestino, temos deplorado, desde já, que tão justa aspiração possa ser bloqueada por esta via. Como sabemos, o império, neste e em outros casos, pretende impor um duplo standard no cenário mundial: é a dupla moral yanque que viola o direito internacional na Líbia, porém permite que Israel faça o que lhe dá na gana, convertendo-se assim no principal cúmplice do genocídio palestino em mãos da barbárie sionista. Recordemos umas palavras de Said que colocam o dedo na ferida: “Devido aos interesses de Israel nos Estados Unidos, a política deste país em torno do Oriente Médio é, portanto, israelocêntrica."

Quero finalizar com a voz de Mahmud Darwish em seu memorável poema "Sobre esta terra": “Sobre esta terra há algo que merece viver: sobre esta terra está a senhora de terra, a mãe dos começos, a mão dos finais. Se chamava Palestina. Continua chamando Palestina. Senhora: eu mereço, porque tu és minha dama, eu mereço viver”.

Seguirá chamando Palestina: A Palestina viverá e vencerá! Longa vida a Palestina livre, soberana e independente!

Hugo Chávez Frías

Presidente de la República Bolivariana de Venezuela

Tradução e Nota: Vera Vassouras

Nota – Pobre humano. É uma assembleia de bárbaros e pseudo-nações escravas que há muito abandonaram a soberania ao custo de milhões de vidas, destruição da natureza e negócios de guerra. Uma assembleia de lacaios que se permitem calar com um veto monárquico de quatro ou cinco países. Qualquer um deles, vetando a resolução da “maioria”, impedirá que os palestinos sejam resgatados dos fornos crematórios de Israel. A Assembleia Geral da ONU é a farsa mais deprimente que o Ocidente já estruturou. Suas bases são a cegueira de uns, a alma de lacaios de outros e a voracidade de meia dúzia de bárbaros que resolverão todas as controvérsias com ameaças militares, nucleares e econômicas, pois com a globalização do roubo, criou-se uma teia de comandos que mantém sob suas garras presidentes, políticos, empresários e igrejas.

E, aproveitando a memória de Chávez, sabe-se que na Inglaterra existe uma lenda de que “todos os ingleses são descendentes da tribo do rei David”, os ancestrais da realeza britânica. A mesma realeza que pratica genocídio secularmente e impunemente e que, não obstante, mantém em suas escolas a prática obrigatória de aulas de arco e flecha. Ao exterminar os gentios, roubam-lhe a cultura. Ao exterminar os palestinos, colocam sob seu comando o “deus de Israel”, o faminto, o troglodita, o sanguinário, o bajulador, o mentiroso, o profano, o falsificador, o exterminador de consciências.

Enquanto os bárbaros se reúnem e discutem se os palestinos existiram, existem ou se poderão existir, Israel continua experimentando novas armas contra o povo. Na Palestina, na Síria, na Líbia, na Somália e onde mais existir minérios, água e petróleo, com o objetivo de manter a “ordem e o progresso” de meia dúzia de famílias e seus milhares de agregados. Aqui, ali, acolá e, para não esquecer quem manda: nos céus, inclusive, o planeta deve ser mantido como um inferno para milhões de criaturas, em nome de Deus, de Jeová ou de Allah, todos democráticos, todos capitalistas, todos símios travestidos de humanos, criados à sua semelhança. Uma lástima para a inteligência que afirmam possuir os denominados seres humanos. Uma psicose coletiva. Uma degenerescência. Uma cegueira coletiva para a qual, aparentemente, não há remédio que se invente, pois não há consciência da histeria e, portanto, não há desejo de cura. Todos por Israel e Israel contra todos. Em nome do pai, do filho e do espírito santo. Assim seja??? Veremos.

Laboratório farmacêutico desinforma cidadãos e colabora para abandono de animais



Recebi hoje da Dra. Vanice Orlandi, advogada especializada em Direito Animal e Presidente da UIPA - União Internacional Protetora dos Animais, a correspondência abaixo. Que acaba de virar post.


Peço que os responsáveis pela veiculação da desinformada campanha publicitária da Eurofarma atendam o manifesto e as ponderações da Dra. Vanice e da UIPA e retirem de circulação a campanha. 


Uma sociedade avançada, verdadeiramente evoluída, protege os animais.





Prezados Associados e Colaboradores da centenária UIPA, UNIÃO INTERNACIONAL PROTETORA DOS ANIMAIS,

Causa indignação  a campanha relativa à prevenção da rinite alérgica, promovida pela EUROFARMA, que vale-se da foto de um gato, ilustrada com os  dizeres: “O alérgeno está aqui, mas você não vê.”

A foto do felino foi utilizada com enorme destaque, de forma a colocá-lo na posição de principal causador do quadro alérgico, levando à falsa ideia de que a sua presença representa um perigo grave e oculto, que se deve, a todo custo, evitar.

Trata-se de informação tendenciosa, pois como explica  João Ferreira de Melo Junior, professor da USP e especialista em alergias,  o fator de risco mais importante para a rinite alérgica é a poeira domiciliar,  que é constituída por descamação da pele humana e de animais, restos de insetos, fungos, bactérias e  ácaros,   e não só por resíduos de pêlos de animais.

Cuidados de higiene,  condições de moradia e hábitos de vida são fatores primordiais para o controle da  rinite alérgica, como sinaliza o próprio verso do folder.

Não é o gato, portanto, o vilão da história, como quer fazer crer a EUROFARMA.  Bem ao contrário do que inspira a referida campanha, estudos científicos mostram que a exposição precoce a alérgenos e a bactérias relacionadas a animais domésticos fortalece o sistema imunológico dos seres humanos.

Não é difícil imaginar que a campanha da Eurofarma promoverá o abandono de gatos, assim como o  preconceito de que são alvos, reduzindo o número de adoções desses animais.

Manifestem-se junto à EUROFARMA, pedindo pela  imediata retirada da censurável  campanha.

Enviem mensagem para  euroatende@eurofarma.com.br

Saudações

Vanice Orlandi
Presidente

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Dia do Orgulho Bissexual



Em pleno século XXI, dá pra acreditar (e entender) que um cidadão seja discriminado e até sofra constrangimentos, ofensas, violências pela escolha que faz quanto à expressão da sua sexualidade? Assunto de foro íntimo, que interessa somente a si mesmo e a mais ninguém... 


Vivemos numa sociedade doentia. Perversa. Sombria. A Era do Preconceito. "Muito verniz e pouca raiz", como diz o doutor Dráusio Varela.


A propósito, reproduzo um post do blog da combativa Procuradora da República Janice Ascari, membro do Ministério Público Federal em São Paulo, Mestra em Direito e blogueira.


Preconceito contra bissexuais (por héteros e gays)

Bissexuais reclamam que são discriminados por héteros e gays


IURI DE CASTRO TÔRRES

Em tempos de discussão sobre orgulho gay e orgulho hétero, 3% da população brasileira diz sofrer preconceito de ambos os lados.


São os bissexuais - mais de 5 milhões no país, segundo pesquisa Datafolha de 2009. Na próxima sexta, dia 23 [hoje], eles vão comemorar o Dia do Orgulho Bissexual.


Um deles é Fábio*, 17. "Sinto atração pela beleza dos dois", diz. "As mulheres são mais meigas e suaves, já os homens têm pegada forte, são mais rústicos."


Como ele, a estudante de ciências sociais Maraiza Adami, 23, também é bi. Ela reclama: "Os héteros acham que ser bi é transitório ou promíscuo. Já os gays, principalmente dentro do movimento LGBT, acham quase uma agressão você ficar com alguém do sexo oposto."


Especialistas em sexualidade tentam entender as razões do duplo preconceito. O psiquiatra Alexandre Saadeh, especialista em identidade sexual do Hospital das Clínicas, lembra que é muito comum que a bissexualidade seja vista como uma fase anterior à confirmação da homossexualidade.



   Marisa Cauduro/Folhapress

SAO PAULO, SP, BRASIL10-09-2011; Daniela Furtado, 24 criadora do site : be sides sobre bisexualidade.e seu namorado Danilo Milhioranca,26,webdesigner.( Foto: Marisa Cauduro/ Folhapress, FOLHATEEN)*** EXCLUSIVO FOLHA***
A bissexual Daniela Furtado, 24, com seu namorado Danilo Milhiorança, 25, heterossexual


Esse mito incomoda tanto Ilana Falci, 21, de Belo Horizonte, que ela quer editar um vídeo com vários bissexuais dando o seu depoimento. "O bi não é uma pessoa em dúvida", diz ela. "Não precisa decidir se gosta mais de homens ou de mulheres."


O projeto de Ilana se chama "Sou Visível". É possível encontrar mais informação sobre ele em bisides.comEsse site foi criado por outra bissexual, a estudante de secretariado executivo Daniela Furtado, 24. Um dos seus objetivos é utilizar a página para discutir como lutar contra o que ela chama de "bifobia".


Os participantes do site reclamam que, apesar da sigla LGBT incluir os bissexuais, gays e lésbicas "negam lugar" a eles no movimento. "Eles se sentem no direito de nos olhar com desconfiança", diz um dos textos. "Então eu pergunto: o que gays e lésbicas propõem que nós façamos quando o sexo de quem amamos é diferente do nosso?"


Daniela já namorou tanto meninas quanto meninos. Atualmente, está há três anos com Danilo Milhiorança, 25, que é heterossexual.


"Ela foi muito honesta comigo e sempre me fez sentir seguro, então está tudo certo", diz o rapaz.


Entre os bissexuais famosos, estão os cantores David Bowie e Lady Gaga, o vocalista do Green Day, Billie Joe Armstrong, e as atrizes Megan Fox e Angelina Jolie.


ALGO CURIOSO


Nem todo mundo, porém, é tão convicto da sua bissexualidade quanto esses famosos. E não há nada de errado nisso, diz Maria Helena Vilela, educadora sexual e diretora do Instituto Kaplan, que faz estudos sobre sexualidade.


Na adolescência, afirma, é comum a confusão entre admiração e tesão. Muitos jovens, então, acabam tendo experiências com o mesmo sexo, com amigos, por exemplo.


Mas isso não necessariamente os faz homo ou bissexuais, já que a identidade só é completamente estabelecida na fase adulta.


"Os adolescentes têm hormônios saindo pelos ouvidos e maior disponibilidade para o sexo, então é mais complicado separar a curiosidade", explica Saadeh.


Lúcia*, 18, por exemplo, só transou com garotos, mas, desde o começo do ano, tem experimentado ficar com algumas amigas. "Nunca tinha cruzado minha mente a ideia de ficar com meninas, mas rolou um dia e eu gostei, então estou vendo o que realmente quero", diz.


*Nomes fictícios
http://www1.folha.uol.com.br/folhateen/976741-bissexuais-reclamam-que-sao-discriminados-por-heteros-e-gays.shtml


Blog da Janice

NY: Dilma fala da viagem e da crise internacional



A presidenta Dilma Rousseff concedeu ontem em Nova York entrevista a jornalistas brasileiros, quando fez um balanço desta importante viagem aos EUA e falou com segurança, competência e transparência sobre a posição do Brasil diante da crise financeira internacional. Leia um resumo dos pontos principais e veja o vídeo.


Crise financeira internacional é tema central da entrevista da presidenta Dilma em NY


Presidenta Dilma Rousseff durante coletiva de imprensa no Hotel Waldorf Astoria. 
Foto: Roberto Stuckert Filho/PR
ONUUma viagem com muitos compromissos e com resultados positivos para o Brasil. Foi assim que a presidenta Dilma Rousseff resumiu os quatro dias de trabalho em Nova York, onde participou, entre outros compromissos, da Assembleia Geral da ONU, momento em que entrou para a história como a primeira mulher a abrir o Debate Geral desde a fundação das Nações Unidas.
Durante entrevista coletiva concedida no início da tarde desta quinta-feira (22/9), no Waldorf Astoria Hotel, a presidenta Dilma fez um relato dos compromissos em que participou na cidade americana, incluindo oito encontros bilaterais com chefes de Estado e de Governo e três reuniões na ONU – uma relativa a doenças crônicas não transmissíveis, uma outra relativa à questão do empoderamento das mulheres, e a terceira sobre segurança nuclear.
Ela falou, ainda, sobre temas de interesse nacional e global, como a crise financeira internacional, assunto mais recorrente na conversa com os jornalistas. Dilma Rousseff reiterou que o Brasil está pronto para resistir à crise, ainda que não imune a efeitos indiretos, e lembrou da solidez em que o país se encontra. “Nós temos bancos saudáveis, nós temos uma situação diferenciada”, disse. Veja alguns trechos da entrevista coletiva:
Crise financeira
“Esperamos que a crise seja resolvida. Nós não somos responsáveis pela crise e não somos aqueles que sofrem a crise diretamente. Não somos. Não há a menor dúvida. Mas também não se pode alegar que não soframos as consequências indiretas da crise. Sofremos. Primeiro, porque o mercado internacional reduz, não é? Ele se reduz, na medida em que as economias desenvolvidas diminuem o tamanho de seus mercados, na medida em que há desemprego, na medida em que há contração da demanda. Sofremos as consequências e, como sofremos as consequências, julgamos que temos todos os direitos de participar e de discutir as saídas.”
Encontro do G-20
“Julgamos que o G-20, na França, tem de tratar das questões relativas à nova configuração tanto dos organismos multilaterais, também, quanto a configuração das soluções para a saída dessa crise, que eu não acredito que seja passível de ser dada pela ação de uma economia ou de um grupo pequeno de países. Acho que é uma questão que nós temos de procurar a solução conjuntamente nos moldes, até muito bem feitos, daquele momento em 2008/2009, quando o mundo reagiu de forma organizada e coordenou políticas macroeconômicas.”
Repercussão da abertura da Assembleia Geral da ONU
“No geral, eu recebi muita manifestação de concordância, muita manifestação de concordância. Especificamente houve, eu queria destacar uma, que vai dar origem a uma consequência, que foi a do presidente Juan Manuel Santos. Porque com ele eu acertei que nós precisamos estreitar as relações dentro dos países da Unasul e, portanto, que iríamos fazer uma reunião de presidentes de Banco Central e de ministros da Economia da região, mais uma vez, no sentido de concertar, de acertar e de articular todas as reações macroeconômicas que vamos fazer.”
Reforma dos organismos multilaterais
“Obviamente que o que eu acho que vai estar colocado em Cannes e que eles também se manifestaram nesse sentido é a questão da discussão de como conduzir, como continuar as medidas de reforma dos organismos multilaterais, como o Fundo Monetário, o Banco Mundial, como melhorar a gestão e a concertação das medidas macroeconômicas comuns; quais serão as medidas prudenciais que devem ser tomadas nas esferas financeiras. Enfim, é aquela pauta que já vem de longe e que não foi completada.”
Crise na Grécia
“Há que decidir o que se fazer em relação à Grécia. Ninguém aqui acredita que um pacote de 8 bilhões resolva o problema da Grécia. Então, você tem de buscar a solução que seja politicamente consistente com o problema (…). Eu não acredito numa saída para a Grécia que simplesmente obrigue a Grécia sistematicamente a fazer cortes de 20%, cortar todos os seu funcionalismo público, vender o Partenon… Além de vender o Partenon, o que mais ela pode vender? As Ilhas Gregas… Eu não acho que essa solução seja correta.”
Reforma do Conselho de Segurança da ONU
“Eu acho importante para o mundo que a gente atualize o Conselho de Segurança. O Conselho de Segurança, no seu formato atual, foi produzido num outro contexto, tanto econômico como geopolítico, baseado numa visão de mundo que dava vantagens inequívocas para aqueles países que tinham controle da tecnologia nuclear (…). O mundo caminha para uma outra concepção, e há uma nova realidade econômica; os emergentes são uma realdade. Acredito que os pleitos tanto para ampliar e modificar os membros permanentes quanto para integrar os não permanentes com novas nações são pleitos justos e legítimos.”
Blog do Planalto 


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